terça-feira, 24 de junho de 2008

maconha pode virar antiinflamatório


Testes com camundongos mostraram efeitos positivos de componente de óleos essenciais, de substância presente na maconha. Molécula atua sobre receptores CB2, alvos naturais da planta no organismo humano.
A molécula não tem absolutamente nada a ver com os efeitos psicoativos da maconha, mas também pode ser derivada da Cannabis sativa e, se tudo der certo, deve virar uma nova e potente opção para tratar problemas inflamatórios. É o que relata um grupo de pesquisadores europeus e americanos na edição desta semana da revista científica "PNAS".


A substância em questão é o beta-cariofileno (BCP, para encurtar), um componente muito comum dos óleos essenciais das plantas. A molécula aparece em condimentos comuns, como o orégano, a pimenta-do-reino e a canela, além de responder por 35% dos óleos essenciais da maconha, é claro. Daí o interesse dos pesquisadores, liderados por Jürg Gertsch, do Instituto Federal Suíço de Tecnologia, em estudar o beta-cariofileno.
Não se trata de algum interesse oculto para legalizar a droga. O que acontece é que a maconha interage de forma específica com uma série de receptores, ou "fechaduras químicas", do organismo humano, conhecidos pelas siglas CB1 e CB2 e pelo nome coletivo de "sistema endocanabinóide". É como se o corpo produzisse sua própria "maconha interna", que serve a uma série de funções importantes no sistema nervoso e em outras partes do organismo. O uso da maconha apenas ativa essas mesmas fechaduras químicas -- com uma série de efeitos indesejáveis, é verdade.
Os mecanismos psicoativos da maconha, bem como os ligados à regulação do apetite, ativam os receptores CB1. Já o beta-cariofileno tem efeitos -- um bocado positivos -- sobre os receptores CB2, cujo funcionamento em geral não tem relação com o sistema nervoso. Em experimentos com camundongos, os pesquisadores comprovaram que a molécula tem potente efeito antiinflamatório, e que esse efeito está diretamente relacionado aos receptores CB2. Camundongos geneticamente modificados não são afetados pela substância.
A equipe diz que é preciso caracterizar melhor a atuação do beta-cariofileno sobre o organismo, mas que ele deve se tornar uma opção promissora para tratar problemas inflamatórios no futuro.

Fonte:G1

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